Empresas, entidades indígenas e do agro pedem apoio de Biden para fundo de US$ 9 bilhões para florestas
Grupos brasileiros querem acesso direto ao financiamento florestal dos EUA
Mais de 330 organizações e empresas enviaram uma carta para o governo dos Estados Unidos pedindo apoio para iniciativas contra o desmatamento no Brasil. O texto foi enviado ao líder da maioria na Câmara, Steny Hoyer, à presidente da Câmara, Nancy Pelosi, ao presidente Joe Biden, ao secretário de Estado Antony Blinken e a membros do Comitê de Relações Exteriores da Câmara.
A iniciativa aconteceu dias antes de uma audiência que acontece nesta quinta-feira (12) no Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos EUA e vai discutir um projeto de lei apresentado em novembro pelo líder da maioria na Câmara, Steny Hoyer. O projeto, batizado de Amazon21, pretende criar um fundo de US$ 9 bilhões que seria administrado pelo Departamento de Estado dos EUA para financiar a conservação florestal e a absorção de carbono em países em desenvolvimento.
Entre as entidades que assinaram o pedido estão organizações ambientais como a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, organizações indígenas como a Coordenação de Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, além de algumas empresas. No texto, eles afirmam que a aprovação da medida seria um sinal de que o presidente Biden está mantendo a promessa feita no ano passado na COP26, em Glasgow, de contribuir para o combate ao desmatamento, informa a AP.
Analistas afirmam que as chances do projeto de lei ser aprovado são incertas, já que, no momento, o Congresso e o governo Biden estão concentrados no apoio militar à Ucrânia e a agenda climática de Biden não vem avançando conforme o esperado. O Departamento de Estado dos EUA geralmente administra os relacionamentos de nação para nação, mas o projeto do Amazon21 especifica a possibilidade de acordos florestais com atores subnacionais. “Há muitas maneiras de fazer cooperação internacional Você pode fazer um cheque para um governo parceiro, criar um mecanismo financeiro que apoie iniciativas e projetos ou trabalhar com governos subnacionais”, disse à AP o porta-voz da coalizão, André Guimarães.
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Os números do desmatamento no Brasil assustam e preocupam. Em abril, a área de alertas de desmatamento na Amazônia chegou a impressionantes 1.012 km², número 74% maior do que o recorde anterior da série histórica, registrado no ano passado. Os dados são do governo federal, por meio do sistema Deter-B, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Diante da disparada, causou espanto a revelação de uma análise feita pelo projeto MapBiomas, rede colaborativa de ONGs, universidades e startups, que identificou a apatia do governo federal diante da devastação das florestas brasileiras: 98% dos alertas de desmatamento no Brasil verificados desde janeiro de 2019 por uma nova plataforma do MapBiomas não possuem registro de ação de fiscalização ou autorização (quando o desmate é permitido em uma determinada área).
O Brasil detém cerca de dois terços da floresta amazônica, a maior floresta tropical do mundo e um enorme sumidouro de carbono. “Mesmo com a grande quantidade de informações e evidências de crimes ambientais, como foi possível constatar com o Monitor da Fiscalização do Desmatamento, as ações de fiscalização ainda estão muito abaixo do que seria necessário para coibir o desmatamento no Brasil”, afirma Ana Paula Valdiones, coordenadora do ICV e uma das responsáveis pela plataforma.
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